quinta-feira, 20 de maio de 2010

A Fuga: Capítulo 119

Completamente sem rumo, saí á procura da Fuga de algo que ainda não sei o que é. Apenas sinto uma pressão dentro de mim que me faz querer enfiar-me em algum antro boêmio da cidade.
Penso em algum bar pé sujo situado não muito perto de casa, afinal, o que vai pensar aquela vizinha que parece ser bonitinha, porém ordinária. Se for apenas ordinária, ótimo, já que provavelmente tomará uma comigo e transformará a Fuga em um achado que poderá render um algo mais além de uma bela noite regada à cerveja e conversas viajantes.
Mas se for somente uma certinha de rosto bonito, esqueça: meu filme estará totalmente queimado. Certo que a moçoila me verá como um bêbado solitário que em vez de ir para a casa cuidar de seus afazeres machísticos, como perguntar como foi o dia da esposa e dos filhos, ler jornal, ir á padaria, trabalhar em seu notebook enquanto vê seu futebol de quarta, está ali, esperando talvez um afair ou simplesmente enchendo o c... de cana e se preparando para uma noite alucinante.


Depois de algum tempo zanzando pelas ruas, quase paro em um boteco, com grades de ferro na frente, que mais lembrava uma masmorra do que um botequim. É bom deixar claro aqui a diferença entre bar e boteco. Bar: lugar em que servem bebidas caras porém melhores, num ambiente mais aconchegante, onde a maioria das pessoas bonitas está ali para serem vistas e não para beber. Boteco: lugar mal tratado, em que há um buraco ao invés de uma porta, onde 96% das pessoas são homens feios a fim de se embriagar por algum motivo, bom ou ruim, e o mais importante: a bebida é barata. Neste dia, era um representante da minoria que frequenta um bar. Queria um lugar melhor, com bebida melhor, diferente, apenas para sair da rotina do boteco.
São nestes momentos que o cartão de crédito salva um cara zerado na conta. Andei mais 30 minutos para chegar ao bem falado recinto. No caminho, pessoas das mais variadas estirpes retornam para suas casas, já que era começo da noite. As executivas são as que mais me chamam atenção. Alinhadas em belos vestidos ou ternos que parecem moldados instantaneamente por seus corpos, sustentados por belas sandálias de salto alto, parecem deslizar sobre as calçadas da Paulista. De certa forma, parecem hologramas inatingíveis, pois apenas um de meus sentidos pode se deliciar com tal beleza: a visão.


Na porta do pequeno bar, mas parecido com um pub, onde havia estado uma única vez, percebo que mudanças estáticas foram feitas. Não há mais o balcão e bancos feitos de madeira marrom escuros. Agora banconetas feitas de metal e plástico e o balcão pintado de branco e azul calcinha contrastam com alguns detalhes de estilo vintage que restaram da velha decoração. Felizmente, a música e as bebidas não mudaram. O velho rock n' roll e cervejas de boa qualidade ainda continuam a dar charme ao porãozinho. Ao sentar, noto que há mais atendentes do que dá outra vez que ali esteve e um rosto não me é estranho. Alta, magra, cabelos negros na altura do pescoço, olhos pretos de tamanho médio, sem muitas curvas. Era Nadja. Louca-nerd no colégio, louca-baladeira na juventude, e agora louca-depressiva como adulta, ao que me foi relatado por algumas pessoas que mantinham mais contato com ela. Lembrei-me que a moça estava em uma ótima faculdade da última vez que a vi. Deve ter desistido, ou não. Cumprimento-a. Ela responde secamente, sem demonstrar nenhuma emoção que fosse perceptível. Tento puxar assunto, e não consigo arrancar nada mais do que 4, 5 frases que transpareciam ainda mais a tristeza de estar ali, atrás do balcão. Peço um pint de Guiness e permaneço sentado na banconeta, sozinho. A Fuga ainda está em andamento.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

A Farsa Comprovada do MGMT




MGMT. A banda nunca me animou. Mesmo nas músicas mais famosas, "Time To Pretend" e "Kids " , nunca ouvi ali algo que me surpreendesse. Pelo contrário. Ao vivo a banda soa muito ruim, e todo mundo sabe que uma boa banda começa por um bom show. Rotulados como uma banda que trazia de volta a psicodelia visual e musical aliada ás batidas já batidas do discopunk (odeio rótulos, em suma, aquele rock dançante de balada que 11 em cada 10 bandas indies fazem hoje em dia), deve fazer Joplin e Hendrix se debaterem em seus túmulos. Nesse segundo álbum, tentam fazer um som mais rock, mais "maduro", menos voltado para as pistas, mas se saem mal, até pior do que no primeiro disco. Ouça a psicodeila dos anos 60 com os originais, ou ouça LCD Soundsystem e The Rapture se quiser dançar a valer numa balada de rock.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

A Noite em que o Amor Reinou.

Viam-se loucos por toda a cidade. Ruas, bares, casas, onde se olhava tinha um homem vestindo as cores alvinegras. Ás 21:50 a cidade parou. Começava o sofrimento para os maloqueiros que gritavam e apoiavam sem parar o time do povo. A equipe massacrava o adversário e não demorou nem 45 minutos para que a classificação estivesse em nossas mãos. Maldito foi aquele que criou este esporte bretão com 2 tempos, porque o segundo não deveria ter existido. Neste, o amor reinou.