sexta-feira, 23 de abril de 2010

Onde está o Rock n' Roll?

Lendo as resenhas a respeito do último Coachella, que acontece há 9 anos num deserto na Califórnia, e discutindo outro dia com uma amiga a respeito do assunto, decidi colocar aqui meu ponto de vista.

Notadamente, estes festivais de música vem colocando como suas atrações principais artistas pops que atraem multidões aos palcos em que se apresentam. Foi assim no fim de semana passado no palco principal do Coachella com Jay-Z, rapper americano que no começo de sua carreira, no  início dos anos 90, fazia sucesso apenas nos EUA. Agora, o namorado de Beyonce atrai também multidões na Europa , foi assim no Glastonbury em 2008. Não quero aqui falar mal do nova-iorquino, mas sim retratar a falta de bandas de rock n' roll como principais atrações nos festivais, ou a falta de interesse dos atuais críticos musicais em relatar seus shows.

Ou será que faltam boas bandas de rock na atualidade. Sim, porque Hot Chip, LCD Soundsystem, Gorillaz, Jay -Z, atrações do festival que tomaram mais atenção da crítica não são bandas de rock. As 3 primeiras tem como base o som do momento: que ora pode ser chamado de electro-rock ou electro-pop, Não acho que sejam ruins, pelo contrário. O Hot Chip faz um bom pop, nada de rock e nem de indie rock como alguns chamam, apesar de achar o 2ºdisco, "The Warning", o melhor de todos. LCD Soundsystem também fez ótimos albuns, mais enérgicos , mais rocks, mas mesmo assim não pode ser denominada uma banda de rock n' roll. seu próximo disco que está para ser lançado em meados de maio, ams que já caiu na rede, é bom, mas não traz nenhuma novidade ao som da banda de James Murphy, mas com certeza vai ser aclamado pela crítica eletrônico + rock(?) = música boa e do momento. O Gorrilaz mais ou menos se enquadra neste mesmo modelo, porém entre as bandas citadas , é a que mais flerta com o rock , já que tem como mentor o líder do Blur, essa sim banda de rock, Damon Albarn.

Outras bandas também receberam elogios no festival, como Them Crooked Vultures, The Specials, Faith No More, The xx, etc. Mas , reparem que, tirando esta última, todas as outras podem ser consideradas bandas já consagradas, se levarmos em conta a origem dos integrantes do TCV. O que quero dizer, é que há muito tempo, desde a época do surgimento do Nirvana, não aparece nenhuma outra banda de impacto no rock n' roll. Por mais que os Strokes tenham lançado algo novo, no começo dos anos 2000, influenciando milhares de bandas indies , não da para dizer que a banda revolucionou o rock de alguma maneira.

Portanto,  fica a pergunta: Onde está o Rock n' Roll? Se alguém achar, por favor, apresentem aos organizadores dos grandes festivais de música pelo mundo.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

De Volta Ao Ótimo.

Tudo começou com Blue Lines, álbum de 1991, trazendo o lado sombrio de artistas e bandas inglesas dos anos 80 para a música eletrônica, que nesta época engatinhava no underground europeu. Batidas densas, mais lentas, com metais esparsos e vocais sutis traziam, com certeza, algo novo para o cenário musical.  A confirmação veio com Protection, de 1994, outro ótimo disco que consolidou a banda de vez como grande expoente do trip-hop, junto com Portishead e Tricky. Este aliás, participa brilhantemente do álbum na faixas "Karmacoma" e "Eurochild".

Quatro anos mais tarde, voltam com Mezzanine. Discaço, facilmente colocado entre os melhores lançados nos anos 90. Aqui já não havia nenhuma dúvida do estrago causado pelo até então trio de Bristol, formado por Del Naja (3D ou "D"), Marshall (Daddy G ou "G") e Andrew Vowles ( "Mush" ou Mushroom), na música pop contemporânea. É o ápice da banda e do estilo criado e desenvolvido por eles. Para se ouvir atentamente, sentindo as camadas de som que formam cada uma das 11 faixas. Além dos ótimos graves e da qualidade nas lentas batidas, as guitarras apareçem para impactar algumas músicas em momentos cruciais, fazendo-as crescer e lapidando as poucas arestas deixadas. Se alguém quiser saber o que é trip-hop, esse é o disco.

Pulo o quarto disco, "10oth Window", produzido sem a participação de "G". Apesar de ter boas músicas, não traz novidade ao som do grupo e deixa claro a falta que a outra metade faz na sonoridade singular da banda.

Passam-se 7 anos, e a banda volta com tudo, para mais uma vez deixar claro que a regra são os ótimos discos, não os bons. Heligoland, de 2010, mostra o Massive Attack de volta aos velhos tempos, atacando ( entendeu, Massive ATTACK, atacando?!). Inova de novo, sem perder a identidade, revigorando o estilo depois do Portishead ter feito o mesmo com o ótimo Third. Participações especiais são muito bem vindas em várias faixas. Não atrapalham o trabalho da dupla, pelo contrário, ajudam-nos na criação das faixas colocando nelas o que cada um mostra de melhor nas suas bandas. É assim com Tunde Adebimpe, do Tv On The Radio, emprestando sua poderosa voz em "Pray For Rain", música que traz o som orgãnico de volta a banda, lembrando os velhos tempos.

"Babel", segunda faixa, lança batidas quebradas e melodias de sinths e órgãos na mesa. Junte a isso a bela voz de da ex de Tricky, Martina Topley-Bird, e a faixa está completa. Imagine um regaee de clima dark, com palmas e sinths, com BPMs desacelerados. Você terá "Splitting The Atom", uma das melhores do disco.

Outra música que se destaca é "Paradise Circus", que traz nos vocais Hope Sandoval. de novo palmas, e um vocal delicado. O baixo vem aos poucos, marcando a música e levando-a até seu final, onde piano e violinos entram de forma subliminar. "Rush Minute"  traz Del Naja muito bem, em cima de batidas secas e bem definidas, enquanto Damon Albarn, vocalista do Blur, aparece para cantarolar o "love song" do disco. Damon também  partcipa ativamente de outras faixas do disco, tocando guitarra em várias, além de baixo, teclado e sintetizadores. O vocalista do Blur e desafeto dos irmãos Gallagher aliás, confirma seu talento como produtor e idealizador, liderando musicalmente seus personagens no Gorillaz.
Para finalizar, "Atlas Air". Música mais dançante do álbum,  tem a marcante presença de John Baggot, tecladista e colaborador do Portishead, e uma levada mais suingada do que o normal para o mundo obscuro da banda.

Enquanto muita gente insiste em experimentar, produzindo musicas sem pensar na qualidade, o Massive Attack mostra a verdadeira fórmula para ser original atualmente: fazer boa música.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Ao Acordar, A Camiseta Branca.

Mulher. Não há coisa melhor para um macho de fina estirpe do que ter uma bela galega ao seu lado. Quando você a tem, não existe nada mais importante. Faz com que até aquele Corinthians x São Paulo jogado numa quarta a noite, que aflora drasticamente a paixão do homem pela redonda (se for corithiano, maloqueiro e sofredor, obviamente), fique num segundo plano quando um belo bar de pernas femininas está a seu lado.

Ou um domingo, em que você, inspirado logo ao acordar, resolve encarnar um Jamie Oliver Tupiniquim, se dirigindo a cozinha para pilotar magistralmente aquele fogão, apesar da ressaca, consequência de uma noite de sábado bem curtida, em que ambos zoaram e se acabaram, beberam e curtiram a loucura ensandecidamente e ao final, sentados na sarjeta na frente da balada, se olham, sorriem e mais uma vez percebe: " Essa mulher é foda!!". E depois, só para confirmar o que já se sabe, ao som ambiente de um Massive Attack cuidadosamente colocado, faz-se a mulher gemer sem sentir dor, como já dizia o grande Zé.

Todo resto é apenas complemento. Nada supera a visão ao acordar, daquela mulher linda sem maquiagem, com a cara que perece ter sido milimetricamente amassada. Cabelo bagunçado, espalhado no rosto de traços fortes e ao mesmo tempo delicados, com alguns fios dourados na boca, vestindo apenas uma camiseta branca, velha e amassada com dizeres em inglês, que chega no meio das suas belas coxas, torneando por inteiro seu primoroso corpo. Não meu caro, não há imagem mais bela do que esta para um homem apaixonado.