segunda-feira, 19 de abril de 2010

De Volta Ao Ótimo.

Tudo começou com Blue Lines, álbum de 1991, trazendo o lado sombrio de artistas e bandas inglesas dos anos 80 para a música eletrônica, que nesta época engatinhava no underground europeu. Batidas densas, mais lentas, com metais esparsos e vocais sutis traziam, com certeza, algo novo para o cenário musical.  A confirmação veio com Protection, de 1994, outro ótimo disco que consolidou a banda de vez como grande expoente do trip-hop, junto com Portishead e Tricky. Este aliás, participa brilhantemente do álbum na faixas "Karmacoma" e "Eurochild".

Quatro anos mais tarde, voltam com Mezzanine. Discaço, facilmente colocado entre os melhores lançados nos anos 90. Aqui já não havia nenhuma dúvida do estrago causado pelo até então trio de Bristol, formado por Del Naja (3D ou "D"), Marshall (Daddy G ou "G") e Andrew Vowles ( "Mush" ou Mushroom), na música pop contemporânea. É o ápice da banda e do estilo criado e desenvolvido por eles. Para se ouvir atentamente, sentindo as camadas de som que formam cada uma das 11 faixas. Além dos ótimos graves e da qualidade nas lentas batidas, as guitarras apareçem para impactar algumas músicas em momentos cruciais, fazendo-as crescer e lapidando as poucas arestas deixadas. Se alguém quiser saber o que é trip-hop, esse é o disco.

Pulo o quarto disco, "10oth Window", produzido sem a participação de "G". Apesar de ter boas músicas, não traz novidade ao som do grupo e deixa claro a falta que a outra metade faz na sonoridade singular da banda.

Passam-se 7 anos, e a banda volta com tudo, para mais uma vez deixar claro que a regra são os ótimos discos, não os bons. Heligoland, de 2010, mostra o Massive Attack de volta aos velhos tempos, atacando ( entendeu, Massive ATTACK, atacando?!). Inova de novo, sem perder a identidade, revigorando o estilo depois do Portishead ter feito o mesmo com o ótimo Third. Participações especiais são muito bem vindas em várias faixas. Não atrapalham o trabalho da dupla, pelo contrário, ajudam-nos na criação das faixas colocando nelas o que cada um mostra de melhor nas suas bandas. É assim com Tunde Adebimpe, do Tv On The Radio, emprestando sua poderosa voz em "Pray For Rain", música que traz o som orgãnico de volta a banda, lembrando os velhos tempos.

"Babel", segunda faixa, lança batidas quebradas e melodias de sinths e órgãos na mesa. Junte a isso a bela voz de da ex de Tricky, Martina Topley-Bird, e a faixa está completa. Imagine um regaee de clima dark, com palmas e sinths, com BPMs desacelerados. Você terá "Splitting The Atom", uma das melhores do disco.

Outra música que se destaca é "Paradise Circus", que traz nos vocais Hope Sandoval. de novo palmas, e um vocal delicado. O baixo vem aos poucos, marcando a música e levando-a até seu final, onde piano e violinos entram de forma subliminar. "Rush Minute"  traz Del Naja muito bem, em cima de batidas secas e bem definidas, enquanto Damon Albarn, vocalista do Blur, aparece para cantarolar o "love song" do disco. Damon também  partcipa ativamente de outras faixas do disco, tocando guitarra em várias, além de baixo, teclado e sintetizadores. O vocalista do Blur e desafeto dos irmãos Gallagher aliás, confirma seu talento como produtor e idealizador, liderando musicalmente seus personagens no Gorillaz.
Para finalizar, "Atlas Air". Música mais dançante do álbum,  tem a marcante presença de John Baggot, tecladista e colaborador do Portishead, e uma levada mais suingada do que o normal para o mundo obscuro da banda.

Enquanto muita gente insiste em experimentar, produzindo musicas sem pensar na qualidade, o Massive Attack mostra a verdadeira fórmula para ser original atualmente: fazer boa música.

Nenhum comentário:

Postar um comentário