segunda-feira, 29 de março de 2010

Rock n' Roll Baby!!!

É atualmente a melhor banda de rock do Brasil. Quando ouvi essa frase em diversos lugares não acreditei muito. Imaginei que fosse mais uma banda de "rock" que provavelmente se enquadraria na nova onda de rock pra pista que vive hoje o mundo, onda essa em que 90% das bandas são ruins. Ou que partilhasse da velha e batida fórmula rock + elementos regionais, onde também pouca coisa se salva. Mas não. 

O Black Drawing Chalks faz  rock n' roll . E mais. Não inventa muito. Não há barulhinhos eletrônicos no meio das músicas, nem gritinhos histéricos melódicos, e nem invencionices para soar moderno e original. Aliás, a banda prova que ainda hoje o rock n' roll pode soar diferente sem perder sua essência. Guitarra, baixo e bateria junto há um vocal competente, com letras que falam do que há de melhor na vida: sexo, mulheres, cerveja e rock, o resto é o resto, como já dizia o outro. Ótimos riffs conduzem as músicas, não deixando espaço para muita coisa, apenas para alguns solos curtos de guitarra, enquanto baixo e bateria estridentes fazem a cozinha da banda parecer estar dentro de uma pipoqueira.

Por tudo isso, essa banda de Goiânia, que tem lançados um EP e um álbum, "Big Deal"  e "Life is a Big Holiday For Us" (indico os 2), está entre as boas novidades surgidas no rock brasileiro. Escute alto, quando precisar de energia ou adrenalina. Não irá se arrepender.

http://www.myspace.com/blackdrawingchalks

terça-feira, 23 de março de 2010

Swinging London - Filme "Tonite Let's All Make Love In London"

Assisti ontem a um documentário chamado Tonite Let's All Make Love In London, de Peter Whitehead, que faz parte da lista de filmes de uma mostra de documentários musicais, chamada In-Edit, que está em cartaz em São Paulo. O documentário mostra o que acontecia na cidade de Londres nos anos 60,e toda a efervescência vivida ali no mundo artístico, num movimento chamado de Swinging London, movimento este que teve Peter como um dos cabeças.

Naquela época surgiram bandas como Beatles, Rolling Stones, Pink Floyd e The Animals. Ótimos atores como Julie Christie e Michael Caine apareciam para o mundo, enquanto Tony Richardson e Richard Lester faziam filmes que tiravam o "boring" da frente das críticas á filmes ingleses . A minissaia e as roupas estampadas com a bandeira da "Union Jack" estavam na moda (esta voltou a moda há um tempo atrás) e o sexo livre era pregado como nunca entre os jovens ingleses. Não há como negar que naquela cidade, naquele momento, muita coisa boa, nova e criativa estava acontecendo. O documentário, que é dividido em 8 partes, peca somente no pouco de tempo de duração (pouco mais de 1 hora) para mostrar tantas manifestações artísticas, soando meio superficial em alguns momentos.


Obs do Chuvas: Para mim, um movimento, por mais influenciador que seja, nunca vai mostrar totalmente a realidade como um todo, mas somente parte dela.

Programação do Festival:    http://in-edit-brasil.com/2010/

sexta-feira, 19 de março de 2010

Não resisti.....Maquinado (Lúcio Maia)

Como falei no post anterior, Lúcio Maia lançou ontem seu segundo cd intitulado "Mundialmente Anônimo" e, pelo que vi de algumas músicas que estão na net, o cd deve ser foda.
Lúcio terminou o show com "Computer Love", do Kraftwerk, linda versão feita em homenagem aos robôs alemães que revolucionaram a música nos anos 70. Quem quiser ver o próprio em ação, toca dia 01/04 no Studio Sp.




Logo mais, depois que o cd sair e eu cansar de ouvi-lo, coloco aqui minha opinião sobre o disco.

Ps: O Coldplay copiou discaradamente a melodia da música em "Talk". Vejam:

quinta-feira, 18 de março de 2010

Nacional e Bom (Parte 1 - Otto)

Inspirado pelo lançamento do 2º CD do criativo guitarrista da Nação Zumbi, Lúcio Maia, "Mundialmente Anônimo", hoje no Sesc Pompéia (prometo fazer uma resenha do disco futuramente), resolvi falar sobre alguns artistas e bandas brasileiros que fazem boa música atualmente.

Otto - Certa Manhã Acordei de Sonhos Intranquilos.




Depois de um hiato de 6 anos sem lançar um álbum de músicas inéditas, o último foi o apenas bom "Sem Gravidade", e do término do relacionamento com a atriz Alessandra Negrini (deve ter sido um motivo muito forte, já que esta mulher é uma das melhores que eu já vi), este pernambucano, que hoje vive no Rio de Janeiro, corre atrás do tempo perdido, munido de ótimas faixas que o colocam de vez, entre os melhores artistas contemporâneos da música brasileira.

"Certa Manhã.." traz um Otto renovado, muito inspirado pelas suas decepções amorosas e pessoais, mostrando que não precisa aliar-se sempre a eletrônica para fazer um disco com a sua cara. Neste cd, Otto quase não a usa, mas abusa de canções originais, construídas a partir de ótimas letras que ganham sustentação com simples e belos arranjos, que se constroem com a colaboração de músicos de primeira qualidade, como Fernando Catatau, do Cidadão Instigado, e Pupilo e Dengue, da Nação Zumbi.
Nelas, como na primeira faixa "Crua" e na seguinte "O Leite", Otto coloca seus sentimentos melancólicos e vivazes a serviço da música, mostrando que o fim de um relacionamento pode ter um lado bom. Muitas vezes, é nessa hora que aparecem as melhores idéias. Os sentimentos transcritos para a música já foram muitas vezes combustível para outros artistas fazerem lindas e inspiradas obras,e é neste rol que agora o pernambucano se inclui.

No disco, também se enxerga claramente a influência do candomblé, como na faixa "Janaína"(nome dado a Iemanjá aqui no Brasil), influência esta que sempre esteve presente em seus discos. Mas é da relação amorosa, carnal, que vem a melhor música do cd. "6 minutos" traz o melhor de Otto. Com uma letra que descreve momentos vividos em uma relação, mais uma vez ele aqui transfere sua dor com a perda da linda morena de olhos pretos. Destaque também para a guitarra estridente de Fernando Catatau que pontua a música em momentos chaves.

"Lágrimas Negras" e "Saudade" trazem de volta a calmaria, sem perder o fio melancólico e sentimental que paira por todo álbum. A bela voz de Julieta Venegas cai deliciosamente nos versos de cada música, fazendo com elas pareçam terem sido especialmente feitas para a cantora nascida nos EUA, mas que tem no México seu verdadeiro amor. Depois vem "Naquela Mesa", canção de Nelson Gonçalves que se encaixa perfeitamente no momento descrito por Otto em meio as outras faixas do disco. Mais uma vez, como aconteceu com "Pra Ser Só Minha Mulher", de Ronnie Von, consegue fazer com que o brega (para alguns, não para mim) se torne atual e verdadeiramente romântico.

As últimas músicas do disco vem fazer o acabamento final a epopéia de sentimentos vivida por Otto e transportada brilhantemente para o álbum. "Filha" fala de como um lugar ou um ambiente, mesmo que seja feliz, agradável, não pode contaminar certas tristezas vividas por uma pessoa. E "Agora Sim", marcada por tambores e percussão, decreta o final do álbum, deixando talvez a frase que possa resumir o álbum inteiro e a inspiração vivida por Otto para fazê-lo .."quem disse que o amor não vai..."

Ótimo disco, sugiro também os 2 primeiros,"Samba Pra Burro" e "Condom Black", que ajudam a ver o amadurecimento sonoro do candango sentimental de barbas ruivas.



Baixe:   http://sombarato.org/node/1041

segunda-feira, 15 de março de 2010

Dúvida.

Cá estamos nós de novo,
eu e ela.
Nada como mais um dia,
para que um novo olhar apareça:
ríspido, borrado, áspero...

Podia ser só mais uma
mas não é, nunca é.
Ela é sempre diferente das demais
Como um andar típico de um bêbado
que por mais típico que seja
cada um tem o seu. é inimitável, singular.

Venha você!
Velho copo sujo de vodka,
fazer dela uma certeza
nem que seja por apenas uma noite
e um dia seguinte de ressaca.

Ou não.
Seja ela de novo perturbadora o bastante
para me fazer, novamente,
um amante insano da criatividade.
Aquele que se comporta como o melhor,
sem ser cotidiano, monótono.
Ama de um jeito xicosásiano de ser.

Por hora, lhe espero, again,
em mais uma dose forte, amarga e única,
envelhecida num tonel de cores e sabores psicodélicos,
que cause efeitos lisérgicos e ao mesmo tempo inspiradores.
Um shot apenas, é o que preciso.

sábado, 13 de março de 2010

O Último Grande


Homenagem ao aniversário do grande Chico Science.
"Chila, Relê, Domilindró!!!"

quinta-feira, 11 de março de 2010

Rápido e Rasteiro

Resolvi falar aqui um pouco de uma banda galesa, de Cardiff. resultado da fusão de 2 outras bandas do país, Jarcrew e Mclusky. O Future Of The Left é um trio,que  faz um rock direto, com músicas que na média tem menos de 3 minutos, tempo este ideal para fazer do disco "After Curses and Travels With Myself And Another", 2º da banda, um ótimo álbum. Letras ácidas, regadas por um humor negro, movidas por guitarra e baixo que, aliados a algumas inserções de sitentizadores, bastam para se fazer um belo disco de rock 'n roll moderno, sem abusar de experimentalismos mas com uma originalidade que, hoje em dia, poucas bandas conseguem ter.

segunda-feira, 8 de março de 2010

A Salvação do Rock Parte 5.876

Lendo algumas notícias sobre novas bandas, vejo mais uma vez a famosa frase, tão amada pelos críticos de música de revistas e sites especializados : "Esta banda é a salvação do rock".
A banda do momento é o The Drums. Formada por 4 caras do Brooklin, NY, a banda faz um som muito influenciado por bandas inglesas dos anos 80, como Smiths, Joy Division, com uma levada mais dançante. Guitarrinhas a la Johnny Mars e baixo na mesma linha de Peter Hook. Pra mim, nada de mais, apenas mais uma banda que provavelmente só faça sucesso mesmo na Inglaterra, não alcançado nada muito além disso. Escutei algumas músicas no MySpace , (http://www.myspace.com/thedrumsforever)  , que fazem parte de um EP, já que a banda ainda não tem nenhum álbum lançado, e confesso que me decepcionei. Nem tanto com a banda, que soa boa para tocar em baladinhas rock , mas sim com a atual crítica musical, que não sei se para vender mais ou terem seus blogs e sites acessados mais vezes, dão a qualquer banda um status maior do que elas realmente tem. Se alguém acha que esta é a salvação do rock, melhor então deixá-lo com está.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Fita Não Tão Branca Asim


Ontem, segunda-feira braba (fora o fato de ser segunda-feira, o Coringão foi vergonhosamente roubado no domingo, no jogo contra as Sereias do litoral sul paulista) em que o cinema custa R$4,00 no tradicional e charmoso hsbc BELAS ARTES, fui assisti um dos filmes que concorrem ao Oscar deste ano, nas categorias de melhor filme estrangeiro e melhor fotografia. Trata-se de "A Fita Branca", do diretor austríaco Michael Haneke, o mesmo do imperdível Caché.


A história se passa em uma aldeia alemã, entre os anos de 1913 e 1914, onde camponeses trabalham para um Barão. Desde o início do filme, vários acontecimentos começam a ocorrer, desde uma brincadeira que leva o médico do vilarejo a se machucar e passar um certo tempo no hospital, até a tortura de um menino com síndrome de down, encontrado amarrado em uma árvore com o rosto desfigurado. É de se notar que as crianças estão envolvidas em quase todas as cenas do filme, e que suas expressões e atitudes sempre as deixam como suspeitas. A criação a que são submetidas, ancorada no falso moralismo de seus pais, dirigido a uma educação baseada em religião, violência e preconceitos, as mostram também como vítimas.Com isso, em nenhum momento o diretor deixa transparecer quem são os verdadeiros autores dos crimes, fazendo com que o público não perca, em nenhum momento, o interesse pela história. Ao contrário. A cada cena em que a câmera brilhantemente vai de um espaço ao outro, acompanhando de perto todas as situações, a dúvida fica ainda maior, deixando o suspense sempre em primeiro plano, ajudado pela bela fotografia em preto e branco e a ótima interpretação do elenco.

Pelo que li e ouvi, a maioria das críticas foram favoráveis ao filme. Poucas colocaram alguns "poréns" em seus textos.mas praticamente todas concordavam em algumas coisas: que o filme tinha um jeito duro, forte, de ser mostrado, por ser em preto e branco, e por não possuir trilha sonora alguma, trazendo ainda mais brutalidade há algumas cenas. A linda fotografia que é apresentada no filme, em diversos planos internos e externos, contribuindo muito em seu resultado final. O modo em que Haneke filma cada uma das cenas, com a câmera para quanto em movimento, faz com que os personagens pareçam não notar que ali em volta há todo um aparato técnico e pessoal , dando uma incrível sensação de naturalidade as cenas. A narração feita em off por um dos personagens (um professor da aldeia onde é passada toda a história do filme) também ajuda no conjunto da obra .

A controvérsia maior gira em torno do que Haneke quis mostrar ao público com o filme. Segundo ele, a história traz uma relação entre o modo e a atitude das crianças que viveram naquele começo de século XX, com o nazismo comandado por Hitler alguns anos depois. O austríaco se baseou nos estudos de um intelectual alemão (não vou me aprofundar nisto, só dá um Google que vocês acham, óquei?), que mostrava haver fortes indícios de que o modo de vida daquelas crianças, baseados num forte autoritarismo paterno, aliado a doses de idealismo direitista e a aversão à aquilo que fosse "diferente", fez com que alguns anos depois, estas mesmas crianças já adultas, seguissem o ideal nazista disseminado pelo ditador alemão.

Tal entendimento do diretor, é confrontado por muitas pessoas, inclusive "yo" e vários estudiosos do assunto(outra Googlada pra quem quer saber mais), que não vêem uma relação direta de uma coisa com a outra. Este, o único pecado do filme para mim. A "causa", defendida pelo diretor, relacionada a desastrosa e aterrorizante "consequência", que foi o período de dominação do regime nazista, poderia muito bem ter sido ocultado da público, já que a história por si só, e o jeito com que Haneke a filma, já tornam a nobre película digna de muitos elogios.