sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Neu x Tropical

Fim de semana passado uma coisa me chamou a atenção. Na sexta-feira, fui a uma balada na Barra Funda chamada Neu Club, ver o show do Deedar, ex-vocalista do Asian Dub Foudation, ótima banda que surgiu no meio dos anos 90 vinda do súburbio de Londres e formada por descendentes de indianos. Sempre quis ir neste lugar, e por um acaso, descobri na mesma sexta que o cara ia se apresentar lá. Lugar interessante, diferente dos demais. Uma casa antiga, que foi transformada em uma balada intimista, com um ótimo preço(10 conto até a meia-noite, com direito a double cerveja e caipirinha) e um bom som. Logo de cara, na fila, já me surpreendi. Vi um público arrumadinho, junto a indies e neo-hippies. Entrando, vi que os arrumadinhos eram maioria. Não ligo para isso, só achei que os indies iam ser maioria.Pra mim o que importa é a música, se há pessoas legais e mulheres gatas, independentemente do estilo. Mulher estilosa é aquela que me faz tremer, já dizia o outro.

Mas o que me traz aqui é outra questão.Ali, no máximo 10 pessoas conheciam quem iria tocar em alguns estantes. E mais. Começei a reparar se as pessoas que estavam presentes conheciam o estilo de som que tocava (basicamente eletro-rock, dub, ragga, e alguns rocks e eletrônicos mais dançantes). Minha impressão era de que 80% da balada não estava nem ai para o que saia das caixas de som. Podia estar tocando Chico Buarque, Metallica ou Asa de Águia, não importava. O mais importante era estar num lugar "descolado", cheio de pessoas "bonitas" afim de trocarem uma idéia ou uns beijos. A música ali era o de menos.

Já no sábado, fui a convite de amigos, numa balada de forró/sertanejo, localizada perto do Largo da Batata. Lugar grande, com um público de  renda mais baixa, e cerveja a 2 reais (a melhor coisa do lugar, para mim). Foi difícil aguentar aquele som a noite inteira, só movido a muito Red Label (grátis, bancado por Valentina Caran) e brejas. Mas no meio da madruga, me veio a cabeça o que tinha pensado na noite anterior, e o que estava acontecendo naquele momento. Tocava uma banda de sertanejo/forró , de mais ou menos 8 pessoas, que despejava ali músicas próprias não muito conhecidas e outras famosas, que tinha entre seus músicos um que tocava o instrumento que denunciava o estilo, o conhecido "piano-guitarra". Percebi que o público, em sua maioria, sabia as letras e cantava junto muitas das músicas executadas pela banda. Por mais que eu não goste deste estilo de som, achei interessante como as pessoas interagiam com a banda, sempre dançando bastante e interessadas no show. A música ali exercia sua função. Se ao invés de forró ou sertanejo, começasse a rolar um rock ou mesmo uma música eletrônica, dúvido que aquelas pessoas frequentariam o lugar. Óbvio que muitas delas também estavam ali para curtir o ambiente, tomar umas e quem sabe arrastar alguém para um algo mais.

Não havia o "hype"", o "estou num lugar descolado", eram só pessoas que estavam afim de se divertir, curtindo um som que gostavam. Não ligariam no dia seguinte para seus amigos para dizer: "Sabe onde fui ontem, no Tropical. Aquela balada nova que ta todo mundo falando, que toca um 'som legal'". Naquele galpão havia mais verdade.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Cansaço

Cansei de ter essas sensações,
que já não aguento mais sentir.

Cansei dos estudos,
que em nada somam
a minha verdadeira inteligência.

Cansei das ruas,
que há algum tempo,
já não trazem mais à mim,
a vivacidade e a surpresa
que me atraíam tanto.

Cansei da minha casa,
que a cada dia
me limita mais física e psicologicamente.

Cansei dos relacionamentos,
que se encontram emparedados
não tendo mais para onde ir.

Cansei dos falsos amores,
construídos sobre um sentimento verdadeiro
que nunca foram concretizados.

Cansei das palavras,
escritas e faladas,
que são baseadas na mentira e no orgulho.

Cansei dela,
que sempre achei que fosse tudo,
e agora vejo que me deixou no nada.

Dela, infelizmente ela.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

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E enquanto ele tentava se concentrar, ela continuava a cutucar sua consciência de maneira incessante e perturbadora. Já não tinha mais controle direto sobre ela. As vezes, achava que tinha conseguido controla-la e que, de agora em diante, não mais o penetraria desse modo demolidor, cru.
Mas impossível detê-la. Por mais que se saiba a coisa  certa a se fazer, chega uma hora que, mais uma vez, ela toma sua cabeça sem pedir nenhuma permissão, apenas chega e começa a tornar aquilo que é o certo, em duvidoso, e o que era errado, agora é o correto.
Com uma força impressionante consegue, em alguns minutos, moer suas espectativas, reprimir suas vontades, e embaralhar completamente suas idéias, trazendo de volta aquela sensação de vazio contagiante que, se não preenchido rapidamente, toma sua mente por completo, e ai, a paralisia acontece.
Vontade apenas de não se ter mais vontade nenhuma. Sua cabeça, neste momento, é denominada abruptamente por ela. E agora é preciso esperar para que a maior aliada volte, e consiga reverter, mais uma vez, seu estado de normalidade.

Obs: Este texto foi escrito há algum tempo atrás e não possuia título.