segunda-feira, 2 de agosto de 2010

É Muita Música!!!!!!!.......e Pouca Qualidade?

Cada dia mais aqui em casa, sem arrumar emprego e por isso, sem ter nada para fazer, venho vasculhando diversos blogs sobre músicas, my spaces de artistas novos, baixando álbuns de artistas antigos quase desconhecidos e, conferindo sites como o Hype Machine e o Grooveshark para ver o que está pegando no momento, verifico que nunca foi tão fácil divulgar música como hoje em dia.

Sim, a variedade de estilos e artistas é praticamente infinita. Atualmente, qualquer bandinha de garagem com 3, 4 meses de vida já tem seu próprio espaço na mídia virtual. Cantores aspirantes a futuros "Ídolos" ou "Calouoros do Raul Gil" também criam seu próprio mundo na globalização cibernética.

Mas isso não é o pior, pelo contrário. Acho que se bem usadas, tais ferramentas levam a montanha a Maomé, facilitando bastante a vida de loucos, como eu, na busca de novos e velhos talentos da arte sonora. Mas isso traz também, pelo que vejo, ou melhor ouço, em muita porcaria. Bandas que não estão preparadas para se mostrarem ao público ainda, onde se percebe claramente que a qualidade sonora não está em primeiro plano, e sim apenas a necessidade de fazer sucesso o quanto antes e a qualquer custo, enchendo de más gravações e más cancões todas as mídias virtuais disponíveis.

Qualidade musical não é um dom de todos , eu sei, mas ela é a essência da coisa. Desde Bach até Sex Pistols, o que vale é o som. Do It Yourself, But Do Well Done!!!!!

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Ao Lado de Iggy - "All Tomorrow's Parties"

Assistindo ao bom documentário dos Rolling Stones, sobre a gravação do álbum "Exile on Main Street", lembrei de outro ótimo documentário musical que vi em alguma dessas mostras de documentários que rolam de vez em quando em São Paulo. "All Tomorrow's Parties" também é o título de um festival que acontece na Inglaterra, mais exatamente em Minehead, cidadezinha localizada no litoral inglês. Atualmente, o festival também acontece em Nova York (setembro de 2010), mas a película musical apenas trata do braço inglês. Ao contrário da maioria dos festivais de música espalhados pelo mundo, que só pensam no lucro e deixam de lado a qualidade musical das bandas, escolhidas por organizadores musicais que mais parecem operadores de bolsa de valores, o ATP tem como grande atrativo a forma de escolha dos artistas, realizada por outros artistas. Isso mesmo, a escolha dos grupos é realizada pelas próprias bandas ou músicos dos mais diversos gostos musicais, trazendo para o festival tanto nomes consagrados, que serviram de influência para as bandas, como novos talentos que bebem da mesma fonte dos curadores.
Outra grande peculiaridade do festival é que as bandas ficam alojadas em chalés localizados dentro do complexo onde é realizado o festival. Com isso, não é difícil esbarrar com um Nick Cave no corredor, ou reclamar do barulho da TV do vizinho Iggy Pop. Essa proximidade entre artistas e público é muito bem retratada no filme, trazendo trechos de diversos shows realizados ao longo dos 10 anos do ATP filmados através de câmeras distribuídas á artistas e fãs. Tal liberdade traz ao documentário a visão do público, já que quem filma pode mostrar desde uma tentativa de realização de um jantar caseiro no chalé, até um show inusitado realizado ás 10 da manhã por um baterista louco tocando com uma camiseta amarrada na cara. Por isso tudo, "All Tomorrow's Parties”, o festival, é um dos meus sonhos de consumo em matéria de festivais,  e ATP, o documentário, ajudou e muito a alimentar tal desejo, É assistir e juntar dinheiro pra ir.




quarta-feira, 9 de junho de 2010

A origem do QOTSA

Pra quem não sabe, "QOTSA" significa Queens of The Stone Age, uma das melhores bandas de rock dos últimos tempos. Para comemorar os 10 anos de lançamento do 2º cd dos caras, "Rated R", e não cair na mesmice de comentar sobre o disco, resolvi falar sobre a raíz da banda, o lado cru de onde Josh Homme tirou a sonoridade do Queens: o Desert Sessions.

O nome foi inspirado nos ensaios e gravações realizados no meio do deserto da Califórnia, numa grande jam session entre amigos. Diz a lenda, que antes de Josh montar um estúdio bem equipado por alí, os ensaios (festas!!!) eram feitos em meio a terra batida, regados a vários tipos de drogas e mulheres, onde os amplificadores e equipamentos eram movidos á grandes galões de gasolina. O líder do QOTSA, então membro do Kyuss (pra quem não conhece, procure no Youtube e veja de onde vem o som grave tirado das guitarras da banda), reunia sua trupe para experimentar e fazer rock'n roll sem frescura. Dessa loucura saíram 5 ótimos álbuns, lançados na forma de volumes, o último intitulado "Desert Sessions Vol. 9 e 10".



Baixe:   http://www.torrentreactor.net/torrents/706604/Desert-Sessions-All-Volumes-1-10


terça-feira, 8 de junho de 2010

De Graça Renumerado

A Trama Virtual acaba de lançar um serviço que promete revolucionar o mercado digital da música. Trata-se de um download renumerado de graça. Como isso? Explico. O usuário se cadastra no site http://albumvirtual.trama.uol.com.br/  e pode baixar, sem pagar nada, diversos cds do selo. A renumeração do artista ocorre por meio de patrocinadores, que em troca da produção e divulgação do disco , disponibilizam sua publicidade na página de download do albúm. Bem divulgada e apoiada por outros canais de mídia eletrônica, a iniciativa tem tudo para dar certo. É esperar para ver.

Ps: Descobri isso ao baixar o disco novo do Guizado, "Cavalera", que prometo resenhar em breve aqui neste blog.


quinta-feira, 20 de maio de 2010

A Fuga: Capítulo 119

Completamente sem rumo, saí á procura da Fuga de algo que ainda não sei o que é. Apenas sinto uma pressão dentro de mim que me faz querer enfiar-me em algum antro boêmio da cidade.
Penso em algum bar pé sujo situado não muito perto de casa, afinal, o que vai pensar aquela vizinha que parece ser bonitinha, porém ordinária. Se for apenas ordinária, ótimo, já que provavelmente tomará uma comigo e transformará a Fuga em um achado que poderá render um algo mais além de uma bela noite regada à cerveja e conversas viajantes.
Mas se for somente uma certinha de rosto bonito, esqueça: meu filme estará totalmente queimado. Certo que a moçoila me verá como um bêbado solitário que em vez de ir para a casa cuidar de seus afazeres machísticos, como perguntar como foi o dia da esposa e dos filhos, ler jornal, ir á padaria, trabalhar em seu notebook enquanto vê seu futebol de quarta, está ali, esperando talvez um afair ou simplesmente enchendo o c... de cana e se preparando para uma noite alucinante.


Depois de algum tempo zanzando pelas ruas, quase paro em um boteco, com grades de ferro na frente, que mais lembrava uma masmorra do que um botequim. É bom deixar claro aqui a diferença entre bar e boteco. Bar: lugar em que servem bebidas caras porém melhores, num ambiente mais aconchegante, onde a maioria das pessoas bonitas está ali para serem vistas e não para beber. Boteco: lugar mal tratado, em que há um buraco ao invés de uma porta, onde 96% das pessoas são homens feios a fim de se embriagar por algum motivo, bom ou ruim, e o mais importante: a bebida é barata. Neste dia, era um representante da minoria que frequenta um bar. Queria um lugar melhor, com bebida melhor, diferente, apenas para sair da rotina do boteco.
São nestes momentos que o cartão de crédito salva um cara zerado na conta. Andei mais 30 minutos para chegar ao bem falado recinto. No caminho, pessoas das mais variadas estirpes retornam para suas casas, já que era começo da noite. As executivas são as que mais me chamam atenção. Alinhadas em belos vestidos ou ternos que parecem moldados instantaneamente por seus corpos, sustentados por belas sandálias de salto alto, parecem deslizar sobre as calçadas da Paulista. De certa forma, parecem hologramas inatingíveis, pois apenas um de meus sentidos pode se deliciar com tal beleza: a visão.


Na porta do pequeno bar, mas parecido com um pub, onde havia estado uma única vez, percebo que mudanças estáticas foram feitas. Não há mais o balcão e bancos feitos de madeira marrom escuros. Agora banconetas feitas de metal e plástico e o balcão pintado de branco e azul calcinha contrastam com alguns detalhes de estilo vintage que restaram da velha decoração. Felizmente, a música e as bebidas não mudaram. O velho rock n' roll e cervejas de boa qualidade ainda continuam a dar charme ao porãozinho. Ao sentar, noto que há mais atendentes do que dá outra vez que ali esteve e um rosto não me é estranho. Alta, magra, cabelos negros na altura do pescoço, olhos pretos de tamanho médio, sem muitas curvas. Era Nadja. Louca-nerd no colégio, louca-baladeira na juventude, e agora louca-depressiva como adulta, ao que me foi relatado por algumas pessoas que mantinham mais contato com ela. Lembrei-me que a moça estava em uma ótima faculdade da última vez que a vi. Deve ter desistido, ou não. Cumprimento-a. Ela responde secamente, sem demonstrar nenhuma emoção que fosse perceptível. Tento puxar assunto, e não consigo arrancar nada mais do que 4, 5 frases que transpareciam ainda mais a tristeza de estar ali, atrás do balcão. Peço um pint de Guiness e permaneço sentado na banconeta, sozinho. A Fuga ainda está em andamento.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

A Farsa Comprovada do MGMT




MGMT. A banda nunca me animou. Mesmo nas músicas mais famosas, "Time To Pretend" e "Kids " , nunca ouvi ali algo que me surpreendesse. Pelo contrário. Ao vivo a banda soa muito ruim, e todo mundo sabe que uma boa banda começa por um bom show. Rotulados como uma banda que trazia de volta a psicodelia visual e musical aliada ás batidas já batidas do discopunk (odeio rótulos, em suma, aquele rock dançante de balada que 11 em cada 10 bandas indies fazem hoje em dia), deve fazer Joplin e Hendrix se debaterem em seus túmulos. Nesse segundo álbum, tentam fazer um som mais rock, mais "maduro", menos voltado para as pistas, mas se saem mal, até pior do que no primeiro disco. Ouça a psicodeila dos anos 60 com os originais, ou ouça LCD Soundsystem e The Rapture se quiser dançar a valer numa balada de rock.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

A Noite em que o Amor Reinou.

Viam-se loucos por toda a cidade. Ruas, bares, casas, onde se olhava tinha um homem vestindo as cores alvinegras. Ás 21:50 a cidade parou. Começava o sofrimento para os maloqueiros que gritavam e apoiavam sem parar o time do povo. A equipe massacrava o adversário e não demorou nem 45 minutos para que a classificação estivesse em nossas mãos. Maldito foi aquele que criou este esporte bretão com 2 tempos, porque o segundo não deveria ter existido. Neste, o amor reinou.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Onde está o Rock n' Roll?

Lendo as resenhas a respeito do último Coachella, que acontece há 9 anos num deserto na Califórnia, e discutindo outro dia com uma amiga a respeito do assunto, decidi colocar aqui meu ponto de vista.

Notadamente, estes festivais de música vem colocando como suas atrações principais artistas pops que atraem multidões aos palcos em que se apresentam. Foi assim no fim de semana passado no palco principal do Coachella com Jay-Z, rapper americano que no começo de sua carreira, no  início dos anos 90, fazia sucesso apenas nos EUA. Agora, o namorado de Beyonce atrai também multidões na Europa , foi assim no Glastonbury em 2008. Não quero aqui falar mal do nova-iorquino, mas sim retratar a falta de bandas de rock n' roll como principais atrações nos festivais, ou a falta de interesse dos atuais críticos musicais em relatar seus shows.

Ou será que faltam boas bandas de rock na atualidade. Sim, porque Hot Chip, LCD Soundsystem, Gorillaz, Jay -Z, atrações do festival que tomaram mais atenção da crítica não são bandas de rock. As 3 primeiras tem como base o som do momento: que ora pode ser chamado de electro-rock ou electro-pop, Não acho que sejam ruins, pelo contrário. O Hot Chip faz um bom pop, nada de rock e nem de indie rock como alguns chamam, apesar de achar o 2ºdisco, "The Warning", o melhor de todos. LCD Soundsystem também fez ótimos albuns, mais enérgicos , mais rocks, mas mesmo assim não pode ser denominada uma banda de rock n' roll. seu próximo disco que está para ser lançado em meados de maio, ams que já caiu na rede, é bom, mas não traz nenhuma novidade ao som da banda de James Murphy, mas com certeza vai ser aclamado pela crítica eletrônico + rock(?) = música boa e do momento. O Gorrilaz mais ou menos se enquadra neste mesmo modelo, porém entre as bandas citadas , é a que mais flerta com o rock , já que tem como mentor o líder do Blur, essa sim banda de rock, Damon Albarn.

Outras bandas também receberam elogios no festival, como Them Crooked Vultures, The Specials, Faith No More, The xx, etc. Mas , reparem que, tirando esta última, todas as outras podem ser consideradas bandas já consagradas, se levarmos em conta a origem dos integrantes do TCV. O que quero dizer, é que há muito tempo, desde a época do surgimento do Nirvana, não aparece nenhuma outra banda de impacto no rock n' roll. Por mais que os Strokes tenham lançado algo novo, no começo dos anos 2000, influenciando milhares de bandas indies , não da para dizer que a banda revolucionou o rock de alguma maneira.

Portanto,  fica a pergunta: Onde está o Rock n' Roll? Se alguém achar, por favor, apresentem aos organizadores dos grandes festivais de música pelo mundo.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

De Volta Ao Ótimo.

Tudo começou com Blue Lines, álbum de 1991, trazendo o lado sombrio de artistas e bandas inglesas dos anos 80 para a música eletrônica, que nesta época engatinhava no underground europeu. Batidas densas, mais lentas, com metais esparsos e vocais sutis traziam, com certeza, algo novo para o cenário musical.  A confirmação veio com Protection, de 1994, outro ótimo disco que consolidou a banda de vez como grande expoente do trip-hop, junto com Portishead e Tricky. Este aliás, participa brilhantemente do álbum na faixas "Karmacoma" e "Eurochild".

Quatro anos mais tarde, voltam com Mezzanine. Discaço, facilmente colocado entre os melhores lançados nos anos 90. Aqui já não havia nenhuma dúvida do estrago causado pelo até então trio de Bristol, formado por Del Naja (3D ou "D"), Marshall (Daddy G ou "G") e Andrew Vowles ( "Mush" ou Mushroom), na música pop contemporânea. É o ápice da banda e do estilo criado e desenvolvido por eles. Para se ouvir atentamente, sentindo as camadas de som que formam cada uma das 11 faixas. Além dos ótimos graves e da qualidade nas lentas batidas, as guitarras apareçem para impactar algumas músicas em momentos cruciais, fazendo-as crescer e lapidando as poucas arestas deixadas. Se alguém quiser saber o que é trip-hop, esse é o disco.

Pulo o quarto disco, "10oth Window", produzido sem a participação de "G". Apesar de ter boas músicas, não traz novidade ao som do grupo e deixa claro a falta que a outra metade faz na sonoridade singular da banda.

Passam-se 7 anos, e a banda volta com tudo, para mais uma vez deixar claro que a regra são os ótimos discos, não os bons. Heligoland, de 2010, mostra o Massive Attack de volta aos velhos tempos, atacando ( entendeu, Massive ATTACK, atacando?!). Inova de novo, sem perder a identidade, revigorando o estilo depois do Portishead ter feito o mesmo com o ótimo Third. Participações especiais são muito bem vindas em várias faixas. Não atrapalham o trabalho da dupla, pelo contrário, ajudam-nos na criação das faixas colocando nelas o que cada um mostra de melhor nas suas bandas. É assim com Tunde Adebimpe, do Tv On The Radio, emprestando sua poderosa voz em "Pray For Rain", música que traz o som orgãnico de volta a banda, lembrando os velhos tempos.

"Babel", segunda faixa, lança batidas quebradas e melodias de sinths e órgãos na mesa. Junte a isso a bela voz de da ex de Tricky, Martina Topley-Bird, e a faixa está completa. Imagine um regaee de clima dark, com palmas e sinths, com BPMs desacelerados. Você terá "Splitting The Atom", uma das melhores do disco.

Outra música que se destaca é "Paradise Circus", que traz nos vocais Hope Sandoval. de novo palmas, e um vocal delicado. O baixo vem aos poucos, marcando a música e levando-a até seu final, onde piano e violinos entram de forma subliminar. "Rush Minute"  traz Del Naja muito bem, em cima de batidas secas e bem definidas, enquanto Damon Albarn, vocalista do Blur, aparece para cantarolar o "love song" do disco. Damon também  partcipa ativamente de outras faixas do disco, tocando guitarra em várias, além de baixo, teclado e sintetizadores. O vocalista do Blur e desafeto dos irmãos Gallagher aliás, confirma seu talento como produtor e idealizador, liderando musicalmente seus personagens no Gorillaz.
Para finalizar, "Atlas Air". Música mais dançante do álbum,  tem a marcante presença de John Baggot, tecladista e colaborador do Portishead, e uma levada mais suingada do que o normal para o mundo obscuro da banda.

Enquanto muita gente insiste em experimentar, produzindo musicas sem pensar na qualidade, o Massive Attack mostra a verdadeira fórmula para ser original atualmente: fazer boa música.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Ao Acordar, A Camiseta Branca.

Mulher. Não há coisa melhor para um macho de fina estirpe do que ter uma bela galega ao seu lado. Quando você a tem, não existe nada mais importante. Faz com que até aquele Corinthians x São Paulo jogado numa quarta a noite, que aflora drasticamente a paixão do homem pela redonda (se for corithiano, maloqueiro e sofredor, obviamente), fique num segundo plano quando um belo bar de pernas femininas está a seu lado.

Ou um domingo, em que você, inspirado logo ao acordar, resolve encarnar um Jamie Oliver Tupiniquim, se dirigindo a cozinha para pilotar magistralmente aquele fogão, apesar da ressaca, consequência de uma noite de sábado bem curtida, em que ambos zoaram e se acabaram, beberam e curtiram a loucura ensandecidamente e ao final, sentados na sarjeta na frente da balada, se olham, sorriem e mais uma vez percebe: " Essa mulher é foda!!". E depois, só para confirmar o que já se sabe, ao som ambiente de um Massive Attack cuidadosamente colocado, faz-se a mulher gemer sem sentir dor, como já dizia o grande Zé.

Todo resto é apenas complemento. Nada supera a visão ao acordar, daquela mulher linda sem maquiagem, com a cara que perece ter sido milimetricamente amassada. Cabelo bagunçado, espalhado no rosto de traços fortes e ao mesmo tempo delicados, com alguns fios dourados na boca, vestindo apenas uma camiseta branca, velha e amassada com dizeres em inglês, que chega no meio das suas belas coxas, torneando por inteiro seu primoroso corpo. Não meu caro, não há imagem mais bela do que esta para um homem apaixonado.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Rock n' Roll Baby!!!

É atualmente a melhor banda de rock do Brasil. Quando ouvi essa frase em diversos lugares não acreditei muito. Imaginei que fosse mais uma banda de "rock" que provavelmente se enquadraria na nova onda de rock pra pista que vive hoje o mundo, onda essa em que 90% das bandas são ruins. Ou que partilhasse da velha e batida fórmula rock + elementos regionais, onde também pouca coisa se salva. Mas não. 

O Black Drawing Chalks faz  rock n' roll . E mais. Não inventa muito. Não há barulhinhos eletrônicos no meio das músicas, nem gritinhos histéricos melódicos, e nem invencionices para soar moderno e original. Aliás, a banda prova que ainda hoje o rock n' roll pode soar diferente sem perder sua essência. Guitarra, baixo e bateria junto há um vocal competente, com letras que falam do que há de melhor na vida: sexo, mulheres, cerveja e rock, o resto é o resto, como já dizia o outro. Ótimos riffs conduzem as músicas, não deixando espaço para muita coisa, apenas para alguns solos curtos de guitarra, enquanto baixo e bateria estridentes fazem a cozinha da banda parecer estar dentro de uma pipoqueira.

Por tudo isso, essa banda de Goiânia, que tem lançados um EP e um álbum, "Big Deal"  e "Life is a Big Holiday For Us" (indico os 2), está entre as boas novidades surgidas no rock brasileiro. Escute alto, quando precisar de energia ou adrenalina. Não irá se arrepender.

http://www.myspace.com/blackdrawingchalks

terça-feira, 23 de março de 2010

Swinging London - Filme "Tonite Let's All Make Love In London"

Assisti ontem a um documentário chamado Tonite Let's All Make Love In London, de Peter Whitehead, que faz parte da lista de filmes de uma mostra de documentários musicais, chamada In-Edit, que está em cartaz em São Paulo. O documentário mostra o que acontecia na cidade de Londres nos anos 60,e toda a efervescência vivida ali no mundo artístico, num movimento chamado de Swinging London, movimento este que teve Peter como um dos cabeças.

Naquela época surgiram bandas como Beatles, Rolling Stones, Pink Floyd e The Animals. Ótimos atores como Julie Christie e Michael Caine apareciam para o mundo, enquanto Tony Richardson e Richard Lester faziam filmes que tiravam o "boring" da frente das críticas á filmes ingleses . A minissaia e as roupas estampadas com a bandeira da "Union Jack" estavam na moda (esta voltou a moda há um tempo atrás) e o sexo livre era pregado como nunca entre os jovens ingleses. Não há como negar que naquela cidade, naquele momento, muita coisa boa, nova e criativa estava acontecendo. O documentário, que é dividido em 8 partes, peca somente no pouco de tempo de duração (pouco mais de 1 hora) para mostrar tantas manifestações artísticas, soando meio superficial em alguns momentos.


Obs do Chuvas: Para mim, um movimento, por mais influenciador que seja, nunca vai mostrar totalmente a realidade como um todo, mas somente parte dela.

Programação do Festival:    http://in-edit-brasil.com/2010/

sexta-feira, 19 de março de 2010

Não resisti.....Maquinado (Lúcio Maia)

Como falei no post anterior, Lúcio Maia lançou ontem seu segundo cd intitulado "Mundialmente Anônimo" e, pelo que vi de algumas músicas que estão na net, o cd deve ser foda.
Lúcio terminou o show com "Computer Love", do Kraftwerk, linda versão feita em homenagem aos robôs alemães que revolucionaram a música nos anos 70. Quem quiser ver o próprio em ação, toca dia 01/04 no Studio Sp.




Logo mais, depois que o cd sair e eu cansar de ouvi-lo, coloco aqui minha opinião sobre o disco.

Ps: O Coldplay copiou discaradamente a melodia da música em "Talk". Vejam:

quinta-feira, 18 de março de 2010

Nacional e Bom (Parte 1 - Otto)

Inspirado pelo lançamento do 2º CD do criativo guitarrista da Nação Zumbi, Lúcio Maia, "Mundialmente Anônimo", hoje no Sesc Pompéia (prometo fazer uma resenha do disco futuramente), resolvi falar sobre alguns artistas e bandas brasileiros que fazem boa música atualmente.

Otto - Certa Manhã Acordei de Sonhos Intranquilos.




Depois de um hiato de 6 anos sem lançar um álbum de músicas inéditas, o último foi o apenas bom "Sem Gravidade", e do término do relacionamento com a atriz Alessandra Negrini (deve ter sido um motivo muito forte, já que esta mulher é uma das melhores que eu já vi), este pernambucano, que hoje vive no Rio de Janeiro, corre atrás do tempo perdido, munido de ótimas faixas que o colocam de vez, entre os melhores artistas contemporâneos da música brasileira.

"Certa Manhã.." traz um Otto renovado, muito inspirado pelas suas decepções amorosas e pessoais, mostrando que não precisa aliar-se sempre a eletrônica para fazer um disco com a sua cara. Neste cd, Otto quase não a usa, mas abusa de canções originais, construídas a partir de ótimas letras que ganham sustentação com simples e belos arranjos, que se constroem com a colaboração de músicos de primeira qualidade, como Fernando Catatau, do Cidadão Instigado, e Pupilo e Dengue, da Nação Zumbi.
Nelas, como na primeira faixa "Crua" e na seguinte "O Leite", Otto coloca seus sentimentos melancólicos e vivazes a serviço da música, mostrando que o fim de um relacionamento pode ter um lado bom. Muitas vezes, é nessa hora que aparecem as melhores idéias. Os sentimentos transcritos para a música já foram muitas vezes combustível para outros artistas fazerem lindas e inspiradas obras,e é neste rol que agora o pernambucano se inclui.

No disco, também se enxerga claramente a influência do candomblé, como na faixa "Janaína"(nome dado a Iemanjá aqui no Brasil), influência esta que sempre esteve presente em seus discos. Mas é da relação amorosa, carnal, que vem a melhor música do cd. "6 minutos" traz o melhor de Otto. Com uma letra que descreve momentos vividos em uma relação, mais uma vez ele aqui transfere sua dor com a perda da linda morena de olhos pretos. Destaque também para a guitarra estridente de Fernando Catatau que pontua a música em momentos chaves.

"Lágrimas Negras" e "Saudade" trazem de volta a calmaria, sem perder o fio melancólico e sentimental que paira por todo álbum. A bela voz de Julieta Venegas cai deliciosamente nos versos de cada música, fazendo com elas pareçam terem sido especialmente feitas para a cantora nascida nos EUA, mas que tem no México seu verdadeiro amor. Depois vem "Naquela Mesa", canção de Nelson Gonçalves que se encaixa perfeitamente no momento descrito por Otto em meio as outras faixas do disco. Mais uma vez, como aconteceu com "Pra Ser Só Minha Mulher", de Ronnie Von, consegue fazer com que o brega (para alguns, não para mim) se torne atual e verdadeiramente romântico.

As últimas músicas do disco vem fazer o acabamento final a epopéia de sentimentos vivida por Otto e transportada brilhantemente para o álbum. "Filha" fala de como um lugar ou um ambiente, mesmo que seja feliz, agradável, não pode contaminar certas tristezas vividas por uma pessoa. E "Agora Sim", marcada por tambores e percussão, decreta o final do álbum, deixando talvez a frase que possa resumir o álbum inteiro e a inspiração vivida por Otto para fazê-lo .."quem disse que o amor não vai..."

Ótimo disco, sugiro também os 2 primeiros,"Samba Pra Burro" e "Condom Black", que ajudam a ver o amadurecimento sonoro do candango sentimental de barbas ruivas.



Baixe:   http://sombarato.org/node/1041

segunda-feira, 15 de março de 2010

Dúvida.

Cá estamos nós de novo,
eu e ela.
Nada como mais um dia,
para que um novo olhar apareça:
ríspido, borrado, áspero...

Podia ser só mais uma
mas não é, nunca é.
Ela é sempre diferente das demais
Como um andar típico de um bêbado
que por mais típico que seja
cada um tem o seu. é inimitável, singular.

Venha você!
Velho copo sujo de vodka,
fazer dela uma certeza
nem que seja por apenas uma noite
e um dia seguinte de ressaca.

Ou não.
Seja ela de novo perturbadora o bastante
para me fazer, novamente,
um amante insano da criatividade.
Aquele que se comporta como o melhor,
sem ser cotidiano, monótono.
Ama de um jeito xicosásiano de ser.

Por hora, lhe espero, again,
em mais uma dose forte, amarga e única,
envelhecida num tonel de cores e sabores psicodélicos,
que cause efeitos lisérgicos e ao mesmo tempo inspiradores.
Um shot apenas, é o que preciso.

sábado, 13 de março de 2010

O Último Grande


Homenagem ao aniversário do grande Chico Science.
"Chila, Relê, Domilindró!!!"

quinta-feira, 11 de março de 2010

Rápido e Rasteiro

Resolvi falar aqui um pouco de uma banda galesa, de Cardiff. resultado da fusão de 2 outras bandas do país, Jarcrew e Mclusky. O Future Of The Left é um trio,que  faz um rock direto, com músicas que na média tem menos de 3 minutos, tempo este ideal para fazer do disco "After Curses and Travels With Myself And Another", 2º da banda, um ótimo álbum. Letras ácidas, regadas por um humor negro, movidas por guitarra e baixo que, aliados a algumas inserções de sitentizadores, bastam para se fazer um belo disco de rock 'n roll moderno, sem abusar de experimentalismos mas com uma originalidade que, hoje em dia, poucas bandas conseguem ter.

segunda-feira, 8 de março de 2010

A Salvação do Rock Parte 5.876

Lendo algumas notícias sobre novas bandas, vejo mais uma vez a famosa frase, tão amada pelos críticos de música de revistas e sites especializados : "Esta banda é a salvação do rock".
A banda do momento é o The Drums. Formada por 4 caras do Brooklin, NY, a banda faz um som muito influenciado por bandas inglesas dos anos 80, como Smiths, Joy Division, com uma levada mais dançante. Guitarrinhas a la Johnny Mars e baixo na mesma linha de Peter Hook. Pra mim, nada de mais, apenas mais uma banda que provavelmente só faça sucesso mesmo na Inglaterra, não alcançado nada muito além disso. Escutei algumas músicas no MySpace , (http://www.myspace.com/thedrumsforever)  , que fazem parte de um EP, já que a banda ainda não tem nenhum álbum lançado, e confesso que me decepcionei. Nem tanto com a banda, que soa boa para tocar em baladinhas rock , mas sim com a atual crítica musical, que não sei se para vender mais ou terem seus blogs e sites acessados mais vezes, dão a qualquer banda um status maior do que elas realmente tem. Se alguém acha que esta é a salvação do rock, melhor então deixá-lo com está.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Fita Não Tão Branca Asim


Ontem, segunda-feira braba (fora o fato de ser segunda-feira, o Coringão foi vergonhosamente roubado no domingo, no jogo contra as Sereias do litoral sul paulista) em que o cinema custa R$4,00 no tradicional e charmoso hsbc BELAS ARTES, fui assisti um dos filmes que concorrem ao Oscar deste ano, nas categorias de melhor filme estrangeiro e melhor fotografia. Trata-se de "A Fita Branca", do diretor austríaco Michael Haneke, o mesmo do imperdível Caché.


A história se passa em uma aldeia alemã, entre os anos de 1913 e 1914, onde camponeses trabalham para um Barão. Desde o início do filme, vários acontecimentos começam a ocorrer, desde uma brincadeira que leva o médico do vilarejo a se machucar e passar um certo tempo no hospital, até a tortura de um menino com síndrome de down, encontrado amarrado em uma árvore com o rosto desfigurado. É de se notar que as crianças estão envolvidas em quase todas as cenas do filme, e que suas expressões e atitudes sempre as deixam como suspeitas. A criação a que são submetidas, ancorada no falso moralismo de seus pais, dirigido a uma educação baseada em religião, violência e preconceitos, as mostram também como vítimas.Com isso, em nenhum momento o diretor deixa transparecer quem são os verdadeiros autores dos crimes, fazendo com que o público não perca, em nenhum momento, o interesse pela história. Ao contrário. A cada cena em que a câmera brilhantemente vai de um espaço ao outro, acompanhando de perto todas as situações, a dúvida fica ainda maior, deixando o suspense sempre em primeiro plano, ajudado pela bela fotografia em preto e branco e a ótima interpretação do elenco.

Pelo que li e ouvi, a maioria das críticas foram favoráveis ao filme. Poucas colocaram alguns "poréns" em seus textos.mas praticamente todas concordavam em algumas coisas: que o filme tinha um jeito duro, forte, de ser mostrado, por ser em preto e branco, e por não possuir trilha sonora alguma, trazendo ainda mais brutalidade há algumas cenas. A linda fotografia que é apresentada no filme, em diversos planos internos e externos, contribuindo muito em seu resultado final. O modo em que Haneke filma cada uma das cenas, com a câmera para quanto em movimento, faz com que os personagens pareçam não notar que ali em volta há todo um aparato técnico e pessoal , dando uma incrível sensação de naturalidade as cenas. A narração feita em off por um dos personagens (um professor da aldeia onde é passada toda a história do filme) também ajuda no conjunto da obra .

A controvérsia maior gira em torno do que Haneke quis mostrar ao público com o filme. Segundo ele, a história traz uma relação entre o modo e a atitude das crianças que viveram naquele começo de século XX, com o nazismo comandado por Hitler alguns anos depois. O austríaco se baseou nos estudos de um intelectual alemão (não vou me aprofundar nisto, só dá um Google que vocês acham, óquei?), que mostrava haver fortes indícios de que o modo de vida daquelas crianças, baseados num forte autoritarismo paterno, aliado a doses de idealismo direitista e a aversão à aquilo que fosse "diferente", fez com que alguns anos depois, estas mesmas crianças já adultas, seguissem o ideal nazista disseminado pelo ditador alemão.

Tal entendimento do diretor, é confrontado por muitas pessoas, inclusive "yo" e vários estudiosos do assunto(outra Googlada pra quem quer saber mais), que não vêem uma relação direta de uma coisa com a outra. Este, o único pecado do filme para mim. A "causa", defendida pelo diretor, relacionada a desastrosa e aterrorizante "consequência", que foi o período de dominação do regime nazista, poderia muito bem ter sido ocultado da público, já que a história por si só, e o jeito com que Haneke a filma, já tornam a nobre película digna de muitos elogios.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Neu x Tropical

Fim de semana passado uma coisa me chamou a atenção. Na sexta-feira, fui a uma balada na Barra Funda chamada Neu Club, ver o show do Deedar, ex-vocalista do Asian Dub Foudation, ótima banda que surgiu no meio dos anos 90 vinda do súburbio de Londres e formada por descendentes de indianos. Sempre quis ir neste lugar, e por um acaso, descobri na mesma sexta que o cara ia se apresentar lá. Lugar interessante, diferente dos demais. Uma casa antiga, que foi transformada em uma balada intimista, com um ótimo preço(10 conto até a meia-noite, com direito a double cerveja e caipirinha) e um bom som. Logo de cara, na fila, já me surpreendi. Vi um público arrumadinho, junto a indies e neo-hippies. Entrando, vi que os arrumadinhos eram maioria. Não ligo para isso, só achei que os indies iam ser maioria.Pra mim o que importa é a música, se há pessoas legais e mulheres gatas, independentemente do estilo. Mulher estilosa é aquela que me faz tremer, já dizia o outro.

Mas o que me traz aqui é outra questão.Ali, no máximo 10 pessoas conheciam quem iria tocar em alguns estantes. E mais. Começei a reparar se as pessoas que estavam presentes conheciam o estilo de som que tocava (basicamente eletro-rock, dub, ragga, e alguns rocks e eletrônicos mais dançantes). Minha impressão era de que 80% da balada não estava nem ai para o que saia das caixas de som. Podia estar tocando Chico Buarque, Metallica ou Asa de Águia, não importava. O mais importante era estar num lugar "descolado", cheio de pessoas "bonitas" afim de trocarem uma idéia ou uns beijos. A música ali era o de menos.

Já no sábado, fui a convite de amigos, numa balada de forró/sertanejo, localizada perto do Largo da Batata. Lugar grande, com um público de  renda mais baixa, e cerveja a 2 reais (a melhor coisa do lugar, para mim). Foi difícil aguentar aquele som a noite inteira, só movido a muito Red Label (grátis, bancado por Valentina Caran) e brejas. Mas no meio da madruga, me veio a cabeça o que tinha pensado na noite anterior, e o que estava acontecendo naquele momento. Tocava uma banda de sertanejo/forró , de mais ou menos 8 pessoas, que despejava ali músicas próprias não muito conhecidas e outras famosas, que tinha entre seus músicos um que tocava o instrumento que denunciava o estilo, o conhecido "piano-guitarra". Percebi que o público, em sua maioria, sabia as letras e cantava junto muitas das músicas executadas pela banda. Por mais que eu não goste deste estilo de som, achei interessante como as pessoas interagiam com a banda, sempre dançando bastante e interessadas no show. A música ali exercia sua função. Se ao invés de forró ou sertanejo, começasse a rolar um rock ou mesmo uma música eletrônica, dúvido que aquelas pessoas frequentariam o lugar. Óbvio que muitas delas também estavam ali para curtir o ambiente, tomar umas e quem sabe arrastar alguém para um algo mais.

Não havia o "hype"", o "estou num lugar descolado", eram só pessoas que estavam afim de se divertir, curtindo um som que gostavam. Não ligariam no dia seguinte para seus amigos para dizer: "Sabe onde fui ontem, no Tropical. Aquela balada nova que ta todo mundo falando, que toca um 'som legal'". Naquele galpão havia mais verdade.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Cansaço

Cansei de ter essas sensações,
que já não aguento mais sentir.

Cansei dos estudos,
que em nada somam
a minha verdadeira inteligência.

Cansei das ruas,
que há algum tempo,
já não trazem mais à mim,
a vivacidade e a surpresa
que me atraíam tanto.

Cansei da minha casa,
que a cada dia
me limita mais física e psicologicamente.

Cansei dos relacionamentos,
que se encontram emparedados
não tendo mais para onde ir.

Cansei dos falsos amores,
construídos sobre um sentimento verdadeiro
que nunca foram concretizados.

Cansei das palavras,
escritas e faladas,
que são baseadas na mentira e no orgulho.

Cansei dela,
que sempre achei que fosse tudo,
e agora vejo que me deixou no nada.

Dela, infelizmente ela.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

.

E enquanto ele tentava se concentrar, ela continuava a cutucar sua consciência de maneira incessante e perturbadora. Já não tinha mais controle direto sobre ela. As vezes, achava que tinha conseguido controla-la e que, de agora em diante, não mais o penetraria desse modo demolidor, cru.
Mas impossível detê-la. Por mais que se saiba a coisa  certa a se fazer, chega uma hora que, mais uma vez, ela toma sua cabeça sem pedir nenhuma permissão, apenas chega e começa a tornar aquilo que é o certo, em duvidoso, e o que era errado, agora é o correto.
Com uma força impressionante consegue, em alguns minutos, moer suas espectativas, reprimir suas vontades, e embaralhar completamente suas idéias, trazendo de volta aquela sensação de vazio contagiante que, se não preenchido rapidamente, toma sua mente por completo, e ai, a paralisia acontece.
Vontade apenas de não se ter mais vontade nenhuma. Sua cabeça, neste momento, é denominada abruptamente por ela. E agora é preciso esperar para que a maior aliada volte, e consiga reverter, mais uma vez, seu estado de normalidade.

Obs: Este texto foi escrito há algum tempo atrás e não possuia título.

sábado, 30 de janeiro de 2010

Músicas, música, music........




Bom, como faz tempo que não escrevo sobre música, resolvi colocar aqui algumas coisas que ando ouvindo.
Nos últimos tempos, resolvi baixar álbuns de artistas que sempre tive curiosidade de ouvir, mas não sei por qual motivo, nunca havia ouvido, além de coisas mais “hypadas” que estão sendo bem faladas pela crítica musical no mundo.

Nicolas Caverna e as Sementes Ruins ( Nick Cave and The Bad Seeds):
Bom, primeiro falo de um australiano, que já morou por aqui, em Sampa, e que já namorou nada menos que Polly Jean Harvey, a musa do rosto exótico (pelo menos para mim), e que em 2008, teve um álbum muito bem comentado pelas revistas especializadas em música. Trata-se de Nick Cave e sua banda, os Bad Seeds.
Suas músicas falam de emoções das mais distantes umas das outras: Amor e Raiva, Tristeza e Felicidade, Dor e Prazer, além de citar religião em alguns momentos.  Despeja suas letras geniais em canções que parecem simples, mas que escondem uma complexidade singular. Possui uma voz muito peculiar, além de ser um excelente frontman.  Cave sabe como poucos retratar os sentimentos das pessoas, sem soar piegas ou usar rimas baratas. Como ainda estou ouvindo os discos antigos, indico o último, “Dig, Lazarus, Dig!”, do começo ao fim.

The XX
Banda do momento da crítica mundial, principalmente a britânica, essa banda de Londres, formada por 4 jovens na casa dos 20 anos, figurou entre as melhores surpresas, em razão de seu disco de estréia, “xx”.
O álbum inteiro soa de um jeito leve, possuindo um clima intimista, com guitarras e sintetizadores cuidadosamente (às vezes até demais) colocados. Os vocais, divididos por uma mulher e um homem, soam sutis de maneira a combinarem com as melodias bem estruturadas formadas pelo restante da banda. O grande trunfo do grupo, notadamente, é a originalidade nas composições, o que torna realmente o The XX, uma das poucas bandas novas que ousam no jeito de se fazer música atualmente, sem soar esquisito, fazendo um disco consistente e coerente do início ao fim.
Porém, ai morre o problema para mim. Apesar de ser um disco agradável de ouvir, a banda dá a impressão de usar as mesmas idéias em quase todas as músicas, não mostrando muito para quem ouve se será uma banda que não passará de um bom primeiro álbum, como muitas outras que depois, caíram no esquecimento. Espero que esteja errado, rs. Ouça: Crystalised, Shelter e Night Space.

Animal Collective
Essa banda há algum tempo causa, nos garimpeiros da música, uma boa impressão no que consiste em música, nova, boa, porém esquisita para o mainstream. Se bem que hoje em dia, para algo ser ”underground”, é necessário muita luta, nesse mundo de My Space, Twiteer e Last.Fm da vida. Mas esta banda, que tem integrantes de vários países, que se conheceram em Baltimore, e tem como base Nova York, realmente desconstroem o rock e a música popular com muita competência, e o mais importante, com qualidade.
Seu último e elogiadissimo álbum, Merriweather Post Pavillion, traz essa bela desconstrução, de um jeito que pode, em uma primeira audição, soar difícil de ouvir, mas com o passar do tempo, escutando em um bom som, mostra o real motivo de ele ser tão bem falado por todos. O disco é estranhamente foda!!!!!!!
Desde o início, com “in The Flowers”, já mostra para quem ouve o q espera dela. Uma melodia de piano, barulhos ao fundo como se estivéssemos em algum bosque, uma voz limpa e clara. Entram palmas, e no meio da música, chega a batida, para fazer todos os sons se encaixarem e fazerem sentido, é o ápice da música.
E assim as músicas do disco vão levando o ouvinte a outro plano. É assim com “My Girls”, single mais conhecido do álbum. “Also Frightened”, uma das minhas preferidas, tem uma cadência suave e melódica junto há um inesperado groove, formado por baixo e batidas fortes que permeiam a faixa inteira, mostrando mais uma das muitas influências da banda, o soul e o funk dos anos 70. E vem “Daily Routine”, com belos vocais, alguns sintetizadores e batidas, marcando a música de forma crucial para, do meio pro fim, sumirem, sobrando apenas melodias esparsas de piano, barulhos, e vozes, finalizando a faixa de modo sublime.
Chega “Bluish”, que traz nela um algo de “Sigur Ros”, uma das mais sombrias do álbum.  “Lion on The Coma” tem um vocal praticamente falado, backing vocals ao fundo, batidas densas e ótimo refrão.  A décima faixa, “No More Runnin”, é mais calma do disco, e a mais normal também, não deixando de ser uma boa música. Linda letra, guiada por um simples piano que conduz, sem alterações, toda a música.
“Brothersport”, a última música, só poderia estar aí. A mais animada do disco, aparece com uma forte percussão, meio cigana, folclórica, ligada aos vocais pelas camadas de sinths, instrumentos e barulhos, que, mais uma vez, fazem o “estranho” se tornar belo.

Fim do assunto música. Empolguei-me um pouco no AC, mas acho que me sai bem. Porém, escrevi muito pouco sobre Cave. O ”Loverman” merece mais. Prometo num futuro próximo falar mais sobre ele. Também escrevi outros textos sobre assuntos diferentes. A semana foi proveitosa para o pseudo-escritor que existe dentro de mim, rs. Fora as 6, 8 horas de estudo jurídico, que agora me dedico para, em breve, me tornar um funcionário público, dedicado....... à música,a diversão, e claro, a sociedade, rs.
A equação a que quero chegar: Bom salário + pouco trabalho = Sexo, Drogas e Rock n‘ Roll nas horas vagas!!!!!!!!!!!

Mas agora falta o necessário para a semana ser perfeita. Aquilo que realmente faz uma pessoa viver intensamente, sem babaquices de televisão e afins, sem certezas, sem hora do almoço e hora do jantar, sem roupas diferentes para ficar em casa, para dormir e para sair, sem conversas cotidianas sobre tempo, previsões, sonhos, planejamentos inúteis. É hora da LOUCURA!!!!!!!!!!!!!

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

A Gota d'Água

Incrível como algumas pessoas se sujeitam a todos os tipos de coisas no trabalho. Infelizmente, ou felizmente, eu não consigo. No meu último trabalho briguei com o meu chefe, e me demiti. Quer dizer, nem me demiti, no dia seguinte, falei tchau pro pessoal, menos para ele que, pra variar, não estava no escritório, e fui embora no meio do expediente, só passei lá depois para pegar minha grana.
Meu chefe era um gordo, que tratava todos os empregados como lixo. Até com os taxistas do ponto perto do trabalho ele já havia brigado. Alguns nem aceitavam mais fazer corrida com ele. Um foi xingado durante o trajeto, e na mesma hora, mandou o velho descer. Outro foi pegá-lo no escritório e, só porque parou no sentido contrário da rua, foi xingado pelo Gordo. O taxista, gente fina por sinal, retrucou e xingou o velho. A reação do velho foi foda, jogar o celular no taxi em movimento.
Comigo foi parecido. Algumas vezes, antes da derradeira vez, ele já havia me tratado mal, não me xingado, por coisas que eu nem tinha feito, que nem eram de minha responsabilidade. Porém, um dia chegou minha vez de ser maltratado e xingado pelo Gordo Velho.
Era final de tarde, e eu havia acabado de chegar do TRT (Tribunal Regional do Trabalho). Como de costume, nas terças e quartas sempre estava lá para participar de julgamentos e fazer sustentações orais, para defender os clientes do escritório. Ia só para marcar presença, já que o Gordo só queria mostrar para seus clientes que alguém do escritório estava lá. Na realidade, só ouvia o resultado e ia embora. Só por isso, já constava na publicação do Diário Oficial que eu sustentei oralmente, bastando isso para o Velho se vangloriar perante o cliente.
Por falar nos clientes, um dos principais, fraudou por muitos anos a legislação trabalhista, para não pagar os direitos de seus empregados. Criou uma cooperativa de trabalho, onde obrigava todos seus empregados a aderirem a ela. Com isso, não mantinha vínculo empregatício com os empregados e por consequência, não tinha a obrigação de pagá-los. Mothafuckers!!!!!Agora perdem quase todos os processos, depois que houve uma sindicância do Ministério Público do Trabalho. Justiça!!!!
Logo quando apareci na escada, ele já me chamou com aquela voz rouca e asmática: ”Saulo, vem aqui”. Quando o Gordo chamava assim, sem nenhuma piadinha sem graça, é porque ele estava puto com alguma coisa, e provavelmente, com você também. Abri a porta de vidro da sala dele, que ficava no final do andar, e entrei. Dentro da sala, estava o braço direito dele, Marinho, seu lacaio. Segundo um dos porteiros do escritório, o cargo dele dentro do escritório era “Ouvidor de gritos do Gordo”, imagina o que o cara já aguentou.
Perguntei ao Gordo o que ele queria. Respondeu-me simplesmente assim: “Saulo, você acha que eu sou trouxa?”. Eu, não muito surpreso já que conhecia o Obeso, respondi: “Não, Dr. Rubens (esse era o nome dele), por quê?”. Depois disso, me falou que entreguei a ele um relatório incompleto, que faltavam processos nele. Falei que havia feito o relatório há um mês e entregue a ele, que já tinha perguntado ao próprio se já tinha visto o relatório, ao que me respondeu que sim, e que estava bom. Gordo idiota do caralho.
Na verdade, o relatório foi feito com processos que foram passados por outras 2 pessoas. Uma delas era outro advogado, que saiu justamente por causa de uma discussão com o velho pançudo. Assim, com o que me foi passado, fiz o relatório, e não havia nenhuma informação errada nele. Mas o velho não queria saber de nada. Não deixava me explicar, e só xingava. No final, deixei-o falando sozinho, virei às costas, abri a porta de vidro e sai. No escritório, todos me olhando, já para tirarem uma com a minha cara. Peguei minhas coisas e sai, já com o pensamento de, no outro dia, pedir as contas.