terça-feira, 5 de janeiro de 2010

A Gota d'Água

Incrível como algumas pessoas se sujeitam a todos os tipos de coisas no trabalho. Infelizmente, ou felizmente, eu não consigo. No meu último trabalho briguei com o meu chefe, e me demiti. Quer dizer, nem me demiti, no dia seguinte, falei tchau pro pessoal, menos para ele que, pra variar, não estava no escritório, e fui embora no meio do expediente, só passei lá depois para pegar minha grana.
Meu chefe era um gordo, que tratava todos os empregados como lixo. Até com os taxistas do ponto perto do trabalho ele já havia brigado. Alguns nem aceitavam mais fazer corrida com ele. Um foi xingado durante o trajeto, e na mesma hora, mandou o velho descer. Outro foi pegá-lo no escritório e, só porque parou no sentido contrário da rua, foi xingado pelo Gordo. O taxista, gente fina por sinal, retrucou e xingou o velho. A reação do velho foi foda, jogar o celular no taxi em movimento.
Comigo foi parecido. Algumas vezes, antes da derradeira vez, ele já havia me tratado mal, não me xingado, por coisas que eu nem tinha feito, que nem eram de minha responsabilidade. Porém, um dia chegou minha vez de ser maltratado e xingado pelo Gordo Velho.
Era final de tarde, e eu havia acabado de chegar do TRT (Tribunal Regional do Trabalho). Como de costume, nas terças e quartas sempre estava lá para participar de julgamentos e fazer sustentações orais, para defender os clientes do escritório. Ia só para marcar presença, já que o Gordo só queria mostrar para seus clientes que alguém do escritório estava lá. Na realidade, só ouvia o resultado e ia embora. Só por isso, já constava na publicação do Diário Oficial que eu sustentei oralmente, bastando isso para o Velho se vangloriar perante o cliente.
Por falar nos clientes, um dos principais, fraudou por muitos anos a legislação trabalhista, para não pagar os direitos de seus empregados. Criou uma cooperativa de trabalho, onde obrigava todos seus empregados a aderirem a ela. Com isso, não mantinha vínculo empregatício com os empregados e por consequência, não tinha a obrigação de pagá-los. Mothafuckers!!!!!Agora perdem quase todos os processos, depois que houve uma sindicância do Ministério Público do Trabalho. Justiça!!!!
Logo quando apareci na escada, ele já me chamou com aquela voz rouca e asmática: ”Saulo, vem aqui”. Quando o Gordo chamava assim, sem nenhuma piadinha sem graça, é porque ele estava puto com alguma coisa, e provavelmente, com você também. Abri a porta de vidro da sala dele, que ficava no final do andar, e entrei. Dentro da sala, estava o braço direito dele, Marinho, seu lacaio. Segundo um dos porteiros do escritório, o cargo dele dentro do escritório era “Ouvidor de gritos do Gordo”, imagina o que o cara já aguentou.
Perguntei ao Gordo o que ele queria. Respondeu-me simplesmente assim: “Saulo, você acha que eu sou trouxa?”. Eu, não muito surpreso já que conhecia o Obeso, respondi: “Não, Dr. Rubens (esse era o nome dele), por quê?”. Depois disso, me falou que entreguei a ele um relatório incompleto, que faltavam processos nele. Falei que havia feito o relatório há um mês e entregue a ele, que já tinha perguntado ao próprio se já tinha visto o relatório, ao que me respondeu que sim, e que estava bom. Gordo idiota do caralho.
Na verdade, o relatório foi feito com processos que foram passados por outras 2 pessoas. Uma delas era outro advogado, que saiu justamente por causa de uma discussão com o velho pançudo. Assim, com o que me foi passado, fiz o relatório, e não havia nenhuma informação errada nele. Mas o velho não queria saber de nada. Não deixava me explicar, e só xingava. No final, deixei-o falando sozinho, virei às costas, abri a porta de vidro e sai. No escritório, todos me olhando, já para tirarem uma com a minha cara. Peguei minhas coisas e sai, já com o pensamento de, no outro dia, pedir as contas.

Um comentário:

  1. Ai Chubao, que coisa horrivel esse cara. Como pode ser assim com as pessoas? Ainda mais com quem trabalha para ele e com ele no minimo ele deveria ser menos mal agradecido.
    Ele deve ser super mal-comido. Vc fez bem de ter saidodo jeito que saiu, respeito e peito aberto.

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